terça-feira, 23 de julho de 2019

GRUPOS DE WHATSAPP ESTÃO SUBSTITUINDO A CONSULTA PROFISSIONAL?


Você pode até me dizer que está cansado de ouvir e ler sobre as influências da internet na vida profissional das empresas e dos profissionais que nela atuam. É verdade, muito se fala sobre isso. Mas um novo fenômeno está em curso. Tenho observado seu crescimento exponencial: o uso de grupos de Whatsapp visando a resolução de problemas de todo tipo.

A coisa funciona assim. Você atua numa área, tem amigos daquela área e cria um grupo. Exemplo, grupo para discutir sobre licitações. Aí você adiciona os amigos, chama outras pessoas via redes sociais e a troca de informações começa. Eu já fiz isso, inclusive participo de alguns grupos e aprendo bastante.

Nesses grupos notamos a presença dos seguintes personagens. O profissional da área, exemplo, advogado que atua com licitações, tem formação jurídica e experiência profissional. Outro personagem é o servidor público ou empregado de uma empresa, que tem experiência na área, já fez cursos, está apto a trabalhar com licitações. O terceiro, para resumir, é o sujeito que não entende nada, que nunca fez um curso ou que fez, mas nada conseguiu aprender e que tem vontade de trabalhar com licitações. Esse terceiro personagem tem até boa vontade e no futuro pode se tornar um profissional gabaritado.

Importante notar que o trabalho com licitações não exige formação acadêmica ou inscrição em órgão de classe, permitindo, a qualquer cidadão, da noite para o dia, transformar-se em consultor de licitações. Nada contra os consultores. Mas é necessária uma experiência anterior, numa equipe, onde alguém cuidou de sua orientação ou ter frequentado um bom curso de capacitação.

No caso de licitações, os riscos são para as empresas. Recentemente recebi uma consulta, de uma empresa, que participou de um pregão, onde o representante dela fez proposta com valor inexequível, redundando na aplicação de penalidade à empresa e inidoneidade, já que foi inviável assinar o contrato. Mas já ouvi relatos de problemas sérios de saúde, após a pessoa ouvir a dica de um amigo no grupo de Whatsapp.

Este texto é para alertar os profissionais, para que tenham o máximo de cuidado com respostas e entendimentos expressos em grupos. De igual modo, todo cuidado com consultas de teses na internet. Até as jurisprudências dos tribunais precisam ser vistas com cuidado, necessário separar o joio do trigo. Os tribunais decidem majoritariamente e minoritariamente. Adotar tese minoritária como se ela fosse lei, é um risco. Igual é arriscado se automedicar, usando “dicas” da internet.

Os grupos não podem afastar a necessidade da contratação de consultor especializado, com larga experiência e, se possível, com formação jurídica sólida e comprovada atuação no ramo, seja licitação, seja medicina, seja odontologia, seja veterinária ou engenharia. Em todos os setores há riscos.

Palpite não é parecer. Opinião não é lei. O que vale é a prática, a experiência e o conhecimento científico. O filtro para separar o que é palpite do que é doutrina e conhecimento, é importantíssimo. Ouça o palpite, ouça a opinião, mas não dispense a ajuda profissional.

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