Você pode até me dizer que está cansado de ouvir e ler sobre
as influências da internet na vida profissional das empresas e dos
profissionais que nela atuam. É verdade, muito se fala sobre isso. Mas um novo
fenômeno está em curso. Tenho observado seu crescimento exponencial: o uso de
grupos de Whatsapp visando a resolução de problemas de todo tipo.
A coisa funciona assim. Você atua numa área, tem amigos
daquela área e cria um grupo. Exemplo, grupo para discutir sobre licitações. Aí
você adiciona os amigos, chama outras pessoas via redes sociais e a troca de
informações começa. Eu já fiz isso, inclusive participo de alguns grupos e
aprendo bastante.
Nesses grupos notamos a presença dos seguintes personagens.
O profissional da área, exemplo, advogado que atua com licitações, tem formação
jurídica e experiência profissional. Outro personagem é o servidor público ou
empregado de uma empresa, que tem experiência na área, já fez cursos, está apto
a trabalhar com licitações. O terceiro, para resumir, é o sujeito que não
entende nada, que nunca fez um curso ou que fez, mas nada conseguiu aprender e
que tem vontade de trabalhar com licitações. Esse terceiro personagem tem até
boa vontade e no futuro pode se tornar um profissional gabaritado.
Importante notar que o trabalho com licitações não exige
formação acadêmica ou inscrição em órgão de classe, permitindo, a qualquer
cidadão, da noite para o dia, transformar-se em consultor de licitações. Nada
contra os consultores. Mas é necessária uma experiência anterior, numa equipe,
onde alguém cuidou de sua orientação ou ter frequentado um bom curso de
capacitação.
No caso de licitações, os riscos são para as empresas. Recentemente
recebi uma consulta, de uma empresa, que participou de um pregão, onde o
representante dela fez proposta com valor inexequível, redundando na aplicação
de penalidade à empresa e inidoneidade, já que foi inviável assinar o contrato.
Mas já ouvi relatos de problemas sérios de saúde, após a pessoa ouvir a dica de
um amigo no grupo de Whatsapp.
Este texto é para alertar os profissionais, para que tenham
o máximo de cuidado com respostas e entendimentos expressos em grupos. De igual
modo, todo cuidado com consultas de teses na internet. Até as jurisprudências
dos tribunais precisam ser vistas com cuidado, necessário separar o joio do
trigo. Os tribunais decidem majoritariamente e minoritariamente. Adotar tese
minoritária como se ela fosse lei, é um risco. Igual é arriscado se
automedicar, usando “dicas” da internet.
Os grupos não podem afastar a necessidade da contratação de
consultor especializado, com larga experiência e, se possível, com formação
jurídica sólida e comprovada atuação no ramo, seja licitação, seja medicina,
seja odontologia, seja veterinária ou engenharia. Em todos os setores há
riscos.
Palpite não é parecer. Opinião não é lei. O que vale é a
prática, a experiência e o conhecimento científico. O filtro para separar o que
é palpite do que é doutrina e conhecimento, é importantíssimo. Ouça o palpite,
ouça a opinião, mas não dispense a ajuda profissional.
Excelente o texto! Condiz com a realidade.
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