segunda-feira, 8 de maio de 2017

A DIFICULDADE DE LIDAR COM AS TRANSIÇÕES - José Souto Tostes


Falou em mudar e as pessoas logo ficam preocupadas. É o medo do novo, de experimentar coisas diferentes do que sempre foi feito. Imagine ter que mudar de casa. Algumas pessoas são privilegiadas, nascem e morrem na mesma casa. Outras já mudaram de casa, cidade, emprego e até de cônjuge. O novo causa várias reações além do medo, mas são ocasionadas por ele, digamos que são filhas dele.

Comecei falando de grandes mudanças, como casa, emprego e do cônjuge, mas pequenas mudanças também afetam as pessoas. Um dos exemplos são mudanças no modo de realizar alguma tarefa ou a mudança no processo interno da empresa. Exemplo clássico é a implantação de sistemas de informação (softwares) em atividades que eram realizadas de forma mecânica.

Mas pra você perder o medo, seguem alguns exemplos de implantação de sistemas de informática, que deram certo e você talvez nem tenha percebido ou sido afetado. O Brasil é pioneiro na informatização do imposto de renda. Além desse, somos pioneiros na votação eletrônica. São ações no nosso dia a dia totalmente informatizadas, que nem sequer percebemos.

Os mais antigos ainda conheceram os bancos onde as contas eram controladas em fichários, neles se abatiam os débitos e acresciam os depósitos. Se você estivesse em outra cidade e precisasse  sacar um dinheiro de sua conta, isso era impossível. Só na agência onde você tinha a conta era possível fazer isso. 

Hoje os bancos realizam suas atividades diretamente via internet, você nem precisa ir a uma agência. Até a abertura da conta pode ser por meio eletrônico. 

Há 20 anos, comprávamos um carro e ficávamos com ele por vários anos, sem efetuar troca. Hoje as trocas são feitas com enorme rapidez. Os carros que circulam no trânsito das cidades são todos novos. O Brasil tem frota moderna de veículos. A média da idade dos veículos em circulação no Brasil é de 8 anos, segundo o Sindipeças. Mas dificilmente alguém fica tanto tempo com o mesmo veículo, pense aí no seu grupo de amigos e veja. 

O número de motos em circulação também aumentou muito nos últimos anos. No ano 2000 a frota de motocicletas era de pouco mais de 2 milhões em circulação. No ao de 2015 as motocicletas circulando no Brasil são mais de 13 milhões (veja gráfico).

Outro item que é muito trocado pelos brasileiros é o aparelho celular. Sobre esse aparelho outro número impressiona. Em 2014, apenas 21% dos brasileiros utilizava o smartphone para realizar pagamentos de forma eletrônica, já em 2015 esse número subiu para 46%. Um crescimento que impressiona. Ela indica o alto índice de mudança no comportamento da população.

Aí você, brasileiro, chega na empresa e é informado que uma determinada operação que era realizada mecanicamente passará a ser realizada de forma eletrônica. A empresa lhe convida para participar de um treinamento, o que incluirá mais habilidades ao seu currículo, mas a sua reação é de medo. Inicialmente um susto, depois o medo, a preocupação, a ansiedade. Todos conselheiros ruins.

Imagine se um processo de atendimento que ocorria no local do cliente passe a ocorrer na sede da empresa, diminuindo os deslocamentos, reduzindo o uso do veículo e a perda de tempo. A empresa mostra que tal ação vai impactar em inúmeras melhorias. Mas você resiste.

Agora imagine você sendo alocado em função nova. Você sabe que está preparado, que reúne as condições para tal, que passou por todo o processo de treinamento, mas você fica temeroso.

Depois do medo, da ansiedade e da preocupação, vem a resistência. Com a resistência você colabora pouco, não dá toda a energia necessária para desenvolver a atividade pretendida. Isso sim é preocupante. Pior ainda é quando você não colabora, torce contra, causa embaraço ao novo processo. Nesse momento você põe em risco até o seu emprego.

Eu sei que muitas das vezes você faz isso de forma involuntária, mas faz. A falta de uma avaliação pessoal constante gera desgaste que você sequer imagina. Pois na empresa, enquanto um grupo colabora, apresenta-se voluntariamente para a nova atividade outro grupo resiste. E as equipes empacam, as metas não são cumpridas. Todos perdem.

A resistência à mudança é causada por vários motivos. Há até pessoas que não colaboram por pura vaidade. Há aqueles que resistem por não serem simpáticas ao colega que coordena o novo processo. Ainda existem aqueles que torcem contra e vibram quando algum processo novo não funciona como esperado.

Independente do motivo que leva você a não colaborar o recado é um só: cuidado! No futuro as atividades que desempenhamos hoje tendem a mudar. Os novos processos, principalmente aqueles ligados às atividades mecânicas e manuais, serão substituídos por máquinas. Até a atividade dos advogados já é possível ser executada, em parte, por softwares. Os médicos, aos poucos, note bem, estão tendo parte de suas atividades realizadas por aparelhos, cada vez mais modernos.

A atitude proativa deve ser de colaboração, de vontade de ajudar, de aprender as novas técnicas, de acompanhar a evolução e a implantação de novos processos nas empresas. Você pode e deve questionar, perguntar, inquirir sobre o modus operandi da nova atividade, mas sempre colaborando, buscando deter o conhecimento necessário a abraçá-la.

As empresas dão nome de processos, design ou regra do negócio ao formato das novas atividades. O processo depende da intervenção humana para funcionar com eficácia. O trabalho harmonioso ajuda o todo, influi no lucro, na produtividade e no crescimento do seu trabalho. E isso é o que você mais quer, pois empresa que não produz tende a reduzir as vagas de emprego e a demitir. Dessa forma, o seu temor inicial e a resistência em não colaborar com a transição, pode lhe tirar o emprego amanhã. E eu lhe garanto que o novo empregado vai entrar com todo o gás, sem resistir, sem questionar e sem torcer contra a mudança.

O mantra é mude, colabore, junte-se aos novos processos. Eles são a garantia de que você estará empregado amanhã.


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