O brasileiro adora uma lista. Os
dez melhores filmes, os dez lugares para visitar antes de morrer, os dez
melhores batons e assim vai. Parece que esse título chama a atenção e atrai
leitores. O brasileiro também gosta de textos pequenos, objetivos, práticos. Em
termos de legislação eleitoral é complicado falar em simplicidade,
principalmente quando se fala com o público da área, advogados, marqueteiros e
dirigentes partidários. Mas vamos lá.
Se eu fosse candidato a prefeito,
diria que teria perdido totalmente o juízo, pois o próximo mandato, a exemplo
do atual, será de enormes dificuldades, principalmente para os prefeitos. A
receita municipal tende a diminuir ainda mais de 2017 a 2020, já que o Brasil
está no ápice de uma enorme crise econômica e política, que tende a esquentar o
caldo nos próximos meses.
Segundo levantamento da Frente
Nacional de Prefeitos, com base em dados dos balanços municipais, apontou que
as prefeituras brasileiras receberam R$ 2,1 bilhões a menos de transferência do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 2014, totalizando
R$ 93,5 bilhões. O estudo aponta que “a região Sudeste, por ser a mais
industrializada do país, foi a mais afetada em 2014: os recursos retraíram em
6%, uma perda de R$ 3,1 bilhões aos cofres públicos”.
Os números de 2015 devem trazer
prejuízos maiores, o estudo indica “que as transferências da quota-parte do
ICMS deverão registrar uma queda ainda mais intensa em 2015, comparado à 2014.
Uma amostra de 23 estados incluído o Distrito Federal apontou queda real de
5,2% na arrecadação do imposto”.
O cenário para os fluminenses foi
ainda pior devido à estagnação nos valores dos royalties de petróleo. Para o
estudo, dos municípios de todos os estados brasileiros, os do Rio de Janeiro
foram os que registraram o menor aumento em suas receitas correntes em 2014, de
apenas 1,2%, enquanto que a média no país foi de 4,3%.
Lembro que os candidatos a
prefeitos devem ter três grandes preocupações hoje, final do mês de abril:
recursos financeiros, uso da internet e redes sociais e as questões práticas,
como organização das coligações, plano de governo, composição das chapas e
nominatas e registro das candidaturas. Um pacote, eu diria.
Em artigo anterior, veja aqui, eu abordei a
questão do uso das mídias sociais ou redes sociais na campanha, dando uma
pincelada no problema, mas repetirei aqui dentre os dez itens:
1) Preparar uma equipe de
campanha, composta por pessoas de sua extrema confiança, que deverão estudar e
informar-se sobre os problemas que serão enfrentados por uma eleição totalmente
atípica. Essa equipe tem que estudar muito, participar de treinamentos,
aprofundar-se na legislação eleitoral. Deve ser composta por, pelo menos 3
integrantes, dentre eles um advogado com conhecimento em direito eleitoral;
2)Preparar uma equipe para cuidar
das redes sociais, monitorando o que existe e treinando pessoal (militantes)
para uma ação efetiva. Leiam nosso artigo que trata desse tema. Essa equipe tem
por missão a criação de um site do candidato (que já pode ser lançado sem
conter pedido de voto ou número) ou um blog, opção mais barata e de manuseio
menos complicado. Manter conta nas redes sociais e criar, se possível, um
aplicativo para smartphone com histórico do candidato e link para as redes
sociais (existem bons modelos a custo zero na internet). A equipe vai alimentar
os sites e republicar nas redes sociais, para amplo conhecimento no meio do
eleitorado. Dever promover reuniões periódicas com o candidato e os apoiadores.
3) Manter uma estrutura mínima
para preparar os partidos que poderão integrar uma coligação futura que dê
sustentação ao candidato majoritário (prefeito e vice-prefeito). Esse staff vai
cuidar das convenções partidárias, registro de candidatura, obtenção de
certidões negativas, filiações, compra e controle de material, prestação de
contas e controle da arrecadação.
4) Campanha precisa de recursos
financeiros e alguém tem que captar esses recursos junto a doadores pessoa
física, lembrando que empresas não poderão doar esse ano. O candidato não pode,
nem deve envolver-se com tais questões, sob pena de não ter tempo de fazer
campanha. A venda de bottons do partido é permitida, além de outros adereços
que possam interessar doadores.
5) O candidato precisa, nessa eleição
com tempo de campanha diminuta, ter uma agenda forte de visitas, exatamente
agora, quando ainda tem tempo e é possível visitar, visitar e visitar. Alguém
tem que organizar essas visitas, colher informações prévias sobre os locais e
bairros onde ela acontece e alimentar o candidato dessas informações. No mínimo
o candidato deve agendar três encontros por dia. Não esqueçam dos jornais,
revistas, rádios e televisões locais, elas podem ser utilizadas para divulgar a
pré-candidatura sim. Você, que é candidato, já monitorou esses canais e
estabeleceu algum tipo de contato?
6) A hora é de captar apoios.
Como nunca, eles são fundamentais. Busque lideranças, jovens, movimentos
sociais, grupos de igreja, bairro e associações. Já pensou em buscar o apoio de
outro pré-candidato? Juntos vocês podem ser mais fortes!
7) Pesquisas podem alimentar
informações, agora é a hora. O candidato que visa o pleito de 2016 não pode
abrir mão de ter acesso a pesquisas, elas são fundamentais. Até para buscar
apoios as pesquisas podem ajudar.
8) Plano de governo. Com a
população muito mais participativa, com a presença maciça das redes sociais, o
candidato terá que apresentar um plano de governo coerente e capaz de convencer
o eleitor. Em 2016 não terá vez o candidato sem plano de governo. E lembre-se
que para registrar a candidatura o plano é obrigatório. Não deixe para a última
hora, pois com certeza ele será objeto de análise por parte do seu eleitor.
Lembre que ficará disponível no site do Tribunal Regional Eleitoral e será de
amplo acesso com pesquisas via internet. Em 2016 todos terão acesso a internet
via smartphones, tablets e computadores pessoais. De 4 anos para cá, muita
coisa mudou.
9) É hora de preparar um bom
discurso. Grave vídeos, explore a redes sociais, mas tenha um discurso
consistente. Se você não sabe preparar um bom discurso como mote de sua
campanha, cunhar uma frase de efeito, use os serviços de um profissional. A
hora é agora. Em 45 dias de campanha não teremos chance para os amadores e
despreparados.
10) Prepare o seu físico. Isso
mesmo. O candidato precisa fazer uma consulta médica e expor ao seu médico a
maratona que irá enfrentar. Cuide da sua dieta, faça exercícios físicos, isso
faz parte da sua vitória. Vá à luta! E boa sorte!
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