Faltando poucos dias para a eleição municipal, rodando nas
ruas do país, a percepção que temos é que a campanha eleitoral não começou. E é
isso mesmo. Engana-se quem atribui essa verdadeira paralisia às novas regras de
propaganda. O problema não é esse. Até pelo fato de que as novas regras
afetaram muito pouco em relação aos anos anteriores. Muito pouco, repito.
A falta de campanha se deve a vários fatores combinados. O
primeiro e mais crucial é a total falta de recursos para as campanhas. Ninguém
está doando. E os motivos podem ser desdobrados. O primeiro é a impossibilidade
de doação de pessoa jurídica. O empresário, proprietário pode até doar, mas no
limite reduzido de 10% do valor declarado de renda de 2015, ou seja, pouco se
considerarmos as somas exageradas dos pleitos anteriores.
Some-se a isso que os empresários que podem doar estão com
medo de sofrerem investigações e até de ficarem impedidos de contratar com os
clientes beneficiários de doações.
Demonizaram todas as doações. Doador passou ser sinônimo de
malfeitor e corrupto.
O segundo motivo é que até mesmo os políticos estão receosos
com pedidos de doação a empresários, que sempre foram os financiadores das
campanhas.
Também contribui para essa paralisação, o fato de que a
abertura de contas gerou problema em todos os municípios, com raras exceções. O
enfrentamento da burocracia para geração do CNPJ, conclusão das convenções e
abertura de contas atrasou a arrecadação e início da contratação dos serviços
gráficos e outros congêneres.
E tais serviços não ficam prontos de uma hora para a outra.
Um facilitador foi para o candidato que detém recursos, já
que a legislação não impede que o candidato gaste mais do que 10% do valor
declarado em 2015, o que é até um contrassenso, pois se o limite de doação de
pessoa física é estabelecido, este deveria ser aplicado ao próprio candidato
para investir recursos próprios.
Os recursos que ainda estão circulando é o proveniente da
cota-parte dos partidos, que estão sendo distribuídos aos candidatos, fato que
não era comum em eleições anteriores, com relação aos políticos do interior,
principalmente.
Não creio que as regras de 2016 serão mantidas para 2018,
podem anotar. E isso significará um verdadeiro retrocesso jurídico no combate à
corrupção. As bolsas de apostas já dizem que em 2018 a doação de pessoa
jurídica está garantida, para prejuízo e perplexidade de todos.
O caminho único é o financiamento público de campanha. Cada
candidato deveria ter direito a uma cota-parte do fundo partidário que já é
distribuído a todos os partidos, divididos de forma igualitária ou proporcional
ao número de eleitores e condicionada ao resultado das urnas na eleição
anterior.
O Brasil espera uma verdadeira reforma
eleitoral, com revisões profundas, para que o direito democrático ao voto livre
seja uma realidade e não mais uma peça de ficção.
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