terça-feira, 6 de novembro de 2018

PREFEITO DIZ QUE VAI CONCORRER À REELEIÇÃO EM 2020


Imagina você sabendo que o seu prefeito, da cidade onde você mora, vai concorrer à reeleição. Acabou a eleição presidencial, elegemos nossos senadores, governadores e deputados federais e estaduais. Como dizem nas redes sociais, "agora é com eles". Pois bem. Inicia-se a eleição municipal, que em 2020, portanto, daqui há 1 ano e alguns meses, vai eleger o prefeito, o vice-prefeito e os vereadores.

Quem é do meio já se perguntou: o que muda nas eleições municipais após a eleição presidencial? Mitos caíram. Mitos surgiram. Rasgaram-se muitas regras e novas foram escritas. A eleição de Bolsonaro representa, como já dito em artigo anterior, mudança total de paradigma. De um não, de vários paradigmas. Que papel a imprensa, os artistas, as celebridades e os outsiders exerceram na eleição desse ano. São perguntas ainda em fase de serem respondidas. A Justiça influenciou o resultado, muitos se perguntam. As decisões do TSE mudaram alguma coisa? A imprensa trouxe mudanças no resultado do pleito? Algumas das mudanças sequer foram imaginadas pelos analistas. As pesquisas, dessa vez, não conseguiram prever vitórias até então não imaginadas. Veja o exemplo do Rio de Janeiro, o governador eleito era um mero azarão há poucos dias da eleição. 

Vejamos os tópicos:

PAPEL DA IMPRENSA - a imprensa influenciou o resultado. Pois as notícias dos últimos anos foram fundamentais para o povo ver que a administração brasileira estava entregue em péssimas mãos. Que a roubalheira era geral. E que as mazelas dos governos petistas eram imensas. Sem a imprensa, o povo não teria decidido como decidiu. O acompanhamento diários das operações desencadeadas por intermédio da Lava Jato foram fundamentais no pleito, até uma série foi produzida para noticiar a corrupção. Talvez não tenha sido capaz de desconstruir a imagem de outsider de Bolsonaro.

REDES SOCIAIS - foram as vedetes da eleição 2018. De um lado os que souberam tirar proveito delas, como o presidente eleito e vários deputados e de outro os atrasados. Até Youtubers ganharam com base no trabalho desenvolvido eletronicamente. Bolsonaro ousou e abusou das redes, fez lives, deu recados e mobilizou seus eleitores ferrenhos. Mas isso não começou ontem. Alguns políticos deixaram para a última hora e acharam que conseguiriam influenciar. Influir na internet e nas redes sociais exige longo tempo de trabalho, quase de formiguinha, o que o eleito fez muito bem. Ele estava em todas as redes e elas foram fundamentais na disseminação das ideias muito bem concebidas. Lançava ataques, desconstruía adversários e jogava inúmeros silogismos diariamente no Facebook e Twitter. Essa história do silogismo foi preponderante no resultado da eleição. Um dos que foi mais usado e explorado era mais ou menos assim: "Você quer que o Bolsonaro seja especialista em economia, mas o Lula e a Dilma não eram". Na verdade se você analisar friamente, você equipara o Bolsonaro à Dilma e Lula, mas para a maioria das pessoas isso justificou o voto, desprezando a capacidade limitada do candidato, que ele mesmo confessou. Se você é candidato, comece a investir em sua rede social agora.

PARTIDOS POLÍTICOS E COLIGAÇÕES - em nada influenciaram no resultado do pleito. Bolsonaro foi eleito por um nanico, sem nenhuma expressão política, enquanto grandes coligações como a de Geraldo Alckmin e grandes partidos, como o MDB de Henrique Meirelles, foram meros coadjuvantes. Os partidos foram substituídos por movimentos populares como o MBL (Movimento Brasil Livre) e outros com propostas semelhantes, cuja base de atuação eram as redes sociais.

TEMPO DE TELEVISÃO - o tempo de televisão não alterou, nem influiu no resultado da eleição, talvez porque os candidatos e seus marqueteiros erraram os alvos. Alckmin e Meirelles falaram e fizeram discurso para os convertidos. Quando viram, era tarde. Lembrando que o tempo de campanha desse ano foi menor que das anteriores.

MARQUETEIROS - antes vedetes das eleições, nesse pleito erraram feio. Campanhas caras, com grandes nomes da propaganda política naufragaram e patinaram. O que valeu foi o coração e o sentimento da população. O maior marqueteiro foi o próprio Bolsonaro e a sensação de sinceridade que conseguiu transmitir, com imagens de homem simples, humilde, de hábitos comuns à maioria dos brasileiros e imagem de austeridade, imposta por sua própria condição de capitão da reserva do Exército brasileiro.

CAIXA DE CAMPANHA - as campanhas foram mais baratas, não há dúvidas. Note que foi a primeira campanha presidencial não bancada por empresas, vedadas de fazerem doações para os candidatos. Esse fato já ocorreu na eleição municipal, que elegeu os atuais prefeitos. E a tendência é que 2020 seja ainda mais barata. Impossível em 2020 se pensar em trabalhar com material impresso para distribuição nas ruas...

FAKE NEWS - deram o tom do debate eleitoral. Não se mede o alcance das mesmas, mas é significativo no cenário eleitoral desse ano. Deverá dar a tônica das eleições municipais, onde as chances de desmentido são infinitamente inferiores. Sugiro aos candidatos que já comecem a trabalhar isso. Desfazer uma fake news é tarefa difícil, pois elas reforçam um sentimento que o eleitor já tem. Sugiro que trabalhem com bancos de dados específicos para desmentir o teor dessas. O modelo já foi usado por João Dória, eleitor governador de SP pelo PSDB. Ele tinha um site onde constavam os boatos e os desmentidos. Não sei o quanto isso foi eficaz, mas pode ajudar, principalmente se o candidato dispor de uma equipe preparada. No caso de candidatos à reeleição esse tipo de trabalho é fundamental, pois o mandato será explorado, com denúncias verdadeiras e falsas. Não gastem com marqueteiros, invista nos desmentidores e tenha uma rede para isso.

PESQUISAS ELEITORAIS - acho que saíram com a imagem desgastada, mas jamais podem ser desprezadas. Jamais. Elas servem para avaliar tendências, conhecer o pensamento do eleitor e definir o que falar e o que propor.

DISCURSO DO NOVO - o novo teve vez nessa eleição, não o partido, que fracassou, mas os projetos, os nomes novos, pelo menos foi essa a maior justificativa para se votar em Bolsonaro. Ele se apresentou e foi acolhido como outsider, mesmo sabendo-se que está há 28 anos no Congresso, que já passou por partidos como o PP de Paulo Maluf e tem carreira estabilizada no parlamento. A imagem valeu e foi comprada por todos que o elegeram. Será que isso vai colar em 2020?

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